Festa Literária Internacional debate origem Tupinambá

Os Tupinambá em debate no recôncavo baiano
JBO Arquivo

Os tupinambá de Olivença são de fato índios? Como tribos extintas no século XIX voltaram a existir? Há índios invasores do Paraguai no Brasil? Os índios, ou neoíndios, a depender do ponto de vista, estão sendo usados para causas políticas outras? Se 13% das terras brasileiras são reservas indígenas, por que há tanta demanda indígena por mais terras, tantos novos conflitos? Se eles são donos da terra, qual o problema de ampliar as reservas até o limite do território nacional? De quem é a culpa pela violência entre agricultores e índios, reedição de conflitos seculares? Por que a maioria dos índios vive na pobreza? Por que as reservas ainda são invadidas por madeireiros e garimpeiros? A Flica não foge aos temas prementes e espinhosos. Por isso, já tem confirmado, para a mesa "Donos da terra? Os neoíndios, velhos bons selvagens", Maria Hilda Baqueiro Paraíso, uma das escritoras e historiadoras mais preparadas para falar dos temas indígenas. A historiadora estará no sábado, 26 de outubro. 

Graduada em Ciências Sociais (1971) e com mestrado em Ciências Sociais (1983) ambas pela Universidade Federal da Bahia, com doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1998), Maria Hilda Baqueiro Paraíso é a mais respeitada autoridade em índios da Bahia. Atual vice coordenadora do Programa de Pós Graduação em História da UFBA, membro de corpo editorial da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e da Universidade Federal de Uberlância, a historiadora tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em História Indígena, atuando principalmente nos seguintes temas: história indígena e da Bahia, etnologia indígena, antropologia e relações interetnica.

Dentro das suas linhas pesquisa, a historiadora já estudou a trajetória dos Botocudos na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, a luta dos Pataxós pelo ensino superior, a história indígena e do indigenismo, com análise da guerra justa dos atuais estados da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais. Atualmente, Maria Hilda Baqueiro Paraíso pesquisa a formação territorial da Bahia no período colonial, para criação de um "Atlas Histórico da Bahia Colonial".

Sobre as questões indígenas, a historiadora já publicou artigos como “As crianças indígenas e a formação de agentes transculturais: o comércio de kurukas na Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais” para Revista de Estudos e Pesquisas (Fundação Nacional do Índio), “Os esquecidos de Salvador: índios e negros na cidade fortaleza e a conquista das terras das aldeias do seu entorno”, para a Revista do Instituto Geográphico e Histórico da Bahia, “Imigrantes europeus e índios: duas soluções para a questão da substituição da mão-de-obra escrava africana no Brasil na década de 1850”, para Revista Cultural Eletrônica, UFBa, “A visão indígena e portuguesa na descoberta do Brasil: a formação da primeira família brasileira”, Revista da Fundação Pedro Calmon e “De como se obter Mão-de-obra Indígena na Bahia entre os Séculos XVI e XVIII” para Revista de História (Porto), São Paulo.

Entre os livros publicados, é da escritora “Caminhos ao encontro do mundo: a capitania de Ilhéus, os frutos de ouro e a Princesa do Sul (Ilhéus 1534-1940”, “História Indígena”, livro didático para Licenciatura em História e “Os Boruns do Watu”. Atualmente a historiadora orienta quatro mestrandos e cinco doutorados, todos sobre as questões indígenas. No entanto ao longo da carreira didática Maria Hilda já orientou 27 teses mestrados e doutorados.

A Flica - Entre os dias 23 e 27 de outubro acontece na cidade histórica do Recôncavo Baiano, a terceira edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). O evento contará com nomes locais, nacionais e internacionais. A festa será gratuita e terá shows musicais, praça de alimentação e pela primeira vez uma programação voltada para o público infantil. O evento tem coordenação geral e realização da Icontent/Rede Bahia e de Marcus Ferreira, da Cali - Cachoeira Literária Cultura e tem o Vice-Presidente do Conselho de Cultura da Bahia, Aurélio Schommer e o escritor Emmanuel Mirdad, da Mirdad Gestão em Cultura, como curadores. A Flica já tem o primeiro patrocinador confirmado: a Oi, através da lei de incentivo estadual à cultura, o Fazcultura. O projeto foi um dos cinco selecionados, da Bahia, através do concorrido edital nacional da Oi Futuro.

A Flica também já tem confirmado nomes como Lars Iyer, escritor da trilogia de romances “Spurious”(2011), “Dogma”(2012) e “Exodus”, Laurentino Gomes, autor do best-seller “1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil”, Edney Silvestre, consagrado jornalista e escritor e Regina Echeverria, biografa de Elis Regina, Cazuza, Gonzaguinha, Gonzagão e José Sarney. O evento literário contará com a presença de autores baianos como Elieser Cesar, Karina Rabinovitz, Állex Leila e Tom Correia.